Medo de contar pros pais, pressão da sociedade, dificuldade em se assumir gay... Por que tanta gente demora a sair do armário?
Ninguém disse que seria fácil sair do armário. Ainda mais quando queremos assumir nossa real identidade em uma sociedade com muitos pontos conservadores como a nossa ¯\_(ツ)_/¯.
Porém, você já parou pra pensar que talvez o maior sofrimento seja desnecessário? A gente já mostrou aqui a história do pai que todo jovem gay queria ter e a reação dos pais de gêmeos ao saber da h.o.m.o.s.s.e.x.u.a.l.i.d.a.d.e. deles.
Adam e Luke gravaram em vídeo a reação dos pais deles ao saberem que os garotos são gays (Reprodução/YouTube).
Apesar de toda bad que os gays aguentam todos os dias, o maior desafio é assumir a s.e.x.u.a.l.i.d.a.d.e. para si. Essa é a opinião do advogado Paulo*, de 24 anos, e do designer Alex*, de 25.
Paulo admite que já teve o típico sonho de casar com uma mulher bonita e ter filhos com ela, mas depois percebeu que isso muito provavelmente não ocorrerá e precisou cair na real. “Sou gay e se eu não me aceitar logo, vou perder a chance de ser feliz, com um homem, que é minha verdadeira natureza”.
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A enrolação em contar pros outros passa por todo aquele mimimi de “decepção”, “meus pais jamais aceitariam” etc etc. “Eu tenho problema de querer aprovação dos outros pra tudo, e achava que sendo gay não teria essa aprovação, sofreria e tal. Até pelo meio conservador em que estou inserido, seria um choque eu me assumir”.
Quer dizer então que tem gente que sabota a própria felicidade por medo do que os outros talvez pensem? Aham! “A vida inteira ouvi que ser gay é uma d.e.s.g.r.a.ç.a, que tem que m.o.r.r.e.r, que é uma vergonha pro pai, que é s.a.f.a.d.e.z.a.… Eu não tinha coragem antes, pois ainda era adolescente, já sofria b.u.l.l.y.i.n.g. na escola por outros motivos. Mas hoje vejo que tinha que ter me assumido com 18 anos, 19 no máximo”, conta Paulo. Sad =/.
O personagem de Kurt (Chris Colfer) sofre horrores em “Glee”.
O caso de Alex foi um pouco diferente. Ele diz que, desde garotinho, já se sentia interessado por meninos. Mesmo assim, demorou pra ~sair do armário~. “Com certeza o processo mais complicado foi assumir para mim. Acho que você só se assume para os outros quando conseguiuse aceitar. Mas o processo de aceitação está ligado também com os outros, vai depender deles deixar o ambiente mais confortável ou desconfortável”, opina.
Segundo a psicóloga Carla Leme, a construção da nossa identidade está relacionada a diversos fatores: genéticos, ambientais e sociais. “Em diversos casos, a sexualidade permanece latente, impedida de manifestação, devido à pressão que é exercida pelas características do meio no qual o sujeito está inserido”.
A Parada Gay de São Paulo é a maior do mundo. Ah que bom seria se nosso país também fosse o que melhor trata seus homossexuais né… (Anadolu Agency/Getty Images)
Ela explica que as pessoas que desenvolveram a personalidade em ambientes cujas normas sociais tendem ao preconceito, à rigidez e a ideias cristalizadas encontram dificuldades bem tensas em relação à própria sexualidade. “É o meio social que define se a sexualidade de um sujeito irá se manifestar em plenitude ou se permanecerá latente, sem jamais ser manifestada, ficando eternamente aprisionada entre os conteúdos do inconsciente”, conclui.
E aí, gente, será que já não é hora de se libertar das ~amarras da sociedade~ e ser feliz? Alex, ufa!, acha que sim. “Depois que me permiti explorar melhor minha vida, mudei muita coisa, e acho que aos poucos tudo vai se encaixando. Não sou do tipo de pessoa explícita, gosto de guardar coisas só para mim. Acredito que quando eu estiver com alguém que me dê suporte para apresentá-lo para a minha família, isso será feito tranquilamente”.
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